terça-feira, dezembro 6

Telégrafo

Mais dia feliz e contente em que eu acordava as 6:00h pra ir a escola, tomava aquele banho frio, pegava um dinheiro pro café no cofrinho do meu irmão menor. Legal, né? Como sempre peguei aquele famoso ônibus cheio, no meio do caminho uma velhinha acordou e desceu do ônibus, após muitos "com licença!" E cotovelada nas costelas... Eu não consegui o lugar. Ok! Dois pontos depois uma garota, ou garoto? Sei lá! Um ser se levantou e com isso eu consegui um lugar, cinco minutos depois o cara sentado ao meu lado, um senhor com uma longa barba branca, que eu até então pensava ser Deus, olha para a janela e diz:

- O tempo mudou novamente! Tempo bom, melhor que aquele calor de antes, né?
- É?

E daí, eu parei e percebi que eu...eu...eu não nunca tinha parado pra ver o clima do país em que eu moro desde que nasci, aquilo me abriu os olhos, naquele eu parei e pensei "eu vivo aqui há 17 anos e não sei se choveu semana passada!", daí eu comecei a tentar descobrir o porquê de tanto lapso, então eu olhei pra frente e vi algo que me fez entender...24hs por dia...6hs dormindo...12hs no computador...E 6hs entre o período em que eu me arrumo para ir a escola e a hora em que eu chego em casa! Depois de todo esse calculo me parecia obvio o que eu tinha que fazer, na mesma hora eu levantei, desci do ônibus, comprei cordas pra minha guitarra, parei em uma loja de roupas e comprei as vestes que me pareceram mais adequada ao meu novo estilo de vida (um óculos verde, uma bandana florida e um cordão com um símbolo que segundo o vendedor significava "Paz e Amor") e que desde aquele dia em diante eu nunca mais iria pra escola!
Cheguei em casa e comecei a criar as melodias que iriam me render dinheiro o suficiente pra comprar o acre, até que uma das minhas cordas arrebentou e eu resolvi que iria pra escola quarta pra saber se eu passei em tudo, sabe como é, né? Terceiro ano. É mó difícil conseguir um emprego que me pague mais do que dez reais e o troco do táxi, sem o ensino médio.

Moral da História: A fé move montanhas, ou algo do gênero!

Obs: O cara que estava sentado ao meu lado no ônibus não era Deus, a não ser que Deus more em Brás de Pina e goste de joelho com suco de maracujá.

Obs2: Eu dormi enquanto escrevia esse post devido a este lastimável fato eu esqueci o que o Telégrafo faz nessa história. Mas com certeza ele apareceu em uma parte importante do dia.